A Segunda Guerra Mundial foi relatada com o máximo de fidelidade ou de forma ficcional em muitos filmes, séries e livros. Sabemos. Mas quantas histórias individuais e coletivas (de famílias e amigos) permanecem desconhecidas até hoje! As pessoas precisaram se reinventar forçadamente em um contexto absolutamente sombrio.
Foi assim com o clube de leitura, ou A Sociedade Literária e a Torta da Casca de Batata (2018). A princípio uma mentira contada aos nazistas que ocupavam a região onde moraram para esconder uma secreta reunião aleatória. Depois, um grupo fixo de pessoas de diferentes idades, que mal se conheciam e que se transformou em uma roda de amigos. Unidos pelas circunstâncias, por suas dores e por uma mesma paixão: a leitura.
Dizem que, na verdade, os dispostos se atraem. Talvez seja esse o segredo para começarmos a dar uma chance uns aos outros. Soa arrogante, não? Mas às vezes é exatamente o que precisamos fazer.
Em A Sociedade Literária e a Torta da Casca de Batata (2018), Guernsey, ilha no Canal da Mancha onde a maioria dos habitantes falam inglês, está ocupada pelos nazistas. É lá, em meio ao medo dos inimigos e privação de comida e de contato social que nasce A Sociedade.
Quando Dawsey Adams (Michiel Huisman) encontra um livro antigo com o nome e endereço da escritora inglesa Juliet Ashton (Lily James), começa a trocar com a moça correspondências sobre a vida durante a ocupação nazista e o gosto pela leitura. Até que um dia ela decide ir conhecer o clube do livro tão falado nas cartas de Dawsey. Como pessoas de diferentes gerações e sem nenhum laço sanguíneo podem, ao longo do tempo, criar tanta intimidade a ponto de se sentirem uma família?
Podemos colocar muitas barreiras à comunhão. Diferentes nacionalidades, culturas, forma como cada um foi criado, classes sociais, interesses opostos, distintas denominações evangélicas…, mas ela é tão necessária a igreja de Cristo que foi evidenciada várias vezes na bíblia (1 João 1:6-7, Salmos 55:14, Filipenses 2:1-2, entre muitos outros).
A pandemia de covid-19 provou severamente a nossa persistência na comunhão. Mesmo exaustos de viver on-line precisamos insistir no que é o traço marcante nos discípulos de Cristo: o amor uns aos outros (João 13:35).
Comunhão não significa que todos obrigatoriamente devem ser amigos, o ensino nunca foi este, até porque, na tentativa de agradar todo mundo estaríamos caminhando para a uma vida de cansaço social. Comunhão pode ser interpretada como ‘’acordo’’, “combinação”.
Na Sociedade Literária de Guernsey nem todos tinham o mesmo nível de amizade, mas todos tinham algo em comum. No filme, a princípio, o único elo entre eles era Elizabeth (Jessica Brown Findlay), entre nós talvez o único seja Cristo. Mesmo se for assim, existe conexão mais profunda?