Jesus havia ressuscitado e subido aos céus, mas deixou o Espírito Santo com sua igreja aqui na terra, até que volte. No primeiro século depois de Cristo, os seus seguidores foram perseguidos de diversas e cruéis formas.
Não é à toa que muito do Novo Testamento consola os cristãos. Desprezados pela sociedade, acusados de ateísmo por não adorarem os deuses greco-romanos, processados em tribunais, oprimidos por homens ricos, assassinados (…) a igreja, apesar de tudo isso e de seus próprios erros, resistia. Ou, perseverava. É nesse contexto que Tiago escreve o primeiro capítulo de sua carta.
Em uma das letras (e melodias) mais lindas que foi produzida no meio cristão brasileiro, Mauro Henrique começa: “Estou quase a desfalecer, dores vem, me fazem enfraquecer…”. Letra que nasceu, aliás, em um episódio em que o seu fardo estava extremamente pesado.
No entanto, frases seguintes mostram a mensagem central: “Mas posso Te encontrar meu meu espírito, estar imerso sua paz, continuo assim a caminhar“. No decorrer da música, o compositor foi alternando sua persistência na fé em Deus com momentos em que reconhece as próprias falhas durante o processo que atravessa.
Este retrato honesto da nossa caminhada com Cristo é o oposto do que pregam as teologias doentias que associam fé a ausência de sofrimento. Muitos homens e mulheres de Deus ao longo dos séculos e até hoje, têm sua esperança “testada” e é necessário que isso aconteça.
Nossa fé pode se manter aquecida por meio dos momentos de louvor junto com a nossa comunidade, durante a pregação, as reuniões de pequeno grupo, os encontros com outros amigos cristãos. Mas são as dificuldades que revelam o que realmente acreditamos.
Ninguém quer sofrer, mas não existe forma mais eficaz de sabermos a qualidade da nossa fé do que quando ela é colocada a prova. Se de fato acreditamos no amor de Deus quando Ele parece ausente, por exemplo.
“Essa capacidade de você continuar firme e confiando em Deus mesmo que tudo dê errado deve ter ação completa. Ou seja, deve alcançar um ponto em que é perfeita (…). O alvo final de Deus é que você seja perfeito, integro.” (Augustus Nicodemus).
*Trecho da música “Alegria está por vir”, de Laura Souguellis