Certos filmes baseados em obras de Stephen King trazem o que parece ser uma das grandes habilidades do autor: explorar os diversos tipos de medo.

It, a coisa (2017) é um remake de 1990. O palhaço é uma imagem conhecida nas histórias de terror e Pennywise é bem assustador, mas o principal destaque do personagem é o que representa – o medo pessoal de cada um.

É no mínimo curioso, mas, um estudo de 2018, da American Psychological Association (APA), afirma que os fãs de filmes de terror gostam do gênero porque lhes traz a ideia de que conseguem controlar seus próprios medos. Isto porque assistem em local seguro: em casa, no cinema etc.

Toda a narrativa bíblica traz intensos relatos de medo, claramente e poeticamente ilustrados nos salmos (salmos 6:3, 31:22 etc), por exemplo. Elias que fugiu para se esconder em uma caverna, Abraão mentiu para Abimeleque sobre Sara. Nem mesmo Jesus foi poupado disto, lá no Getsêmani, ao entender que se aproximava a hora da sua morte terrível.

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De acordo com o dicionário Priberam da língua portuguesa, uma das definições para medo é “Estado emocional resultante da consciência de perigo ou de ameaça, reais, hipotéticos ou imaginários”.

Em A hora do pesadelo (1984) o medo surge diante da imagem medonha de um homem de rosto queimado, chapéu preto, suéter colorido e garras enormes. O Massacre da serra elétrica (1974) nos faz temer na frente da máscara branca e da serra elétrica. Mas Pennywise representa algo mais profundo. É a “soma de todos os medos”.

Seis meninos e uma menina, com suas diferentes histórias e personalidades, decidem investigar o sumiço de Georgie (Jackson R. Scott), irmão de um deles, assim como a de outras crianças na sombria cidade de Derry. Mas a procura pelo menino acaba revelando os medos que cada um enfrenta.

O medo faz parte da nossa humanidade e nossa reação a ele diz muito sobre onde procuramos proteção. É mesmo impressionante que pessoas como Elias, Davi e Moisés, que viveram profunda intimidade e maravilhosas experiências com Deus, sentiram pavor e recuaram em certas situações.

Até o próprio Jesus, que era cem por cento homem e cem por cento Deus – e este é um dos momentos em que esquecemos de sua humanidade – sentiu medo. Ele já sabia o que estava por vir, era um medo real, compreensível. Ele seria torturado da forma mais cruel que existia, e suou sangue, tamanha angústia.

Não existe fórmula mágica, mas nosso Salvador, como em tudo o que fez nesta terra, nos deixou uma lição. Lá no Getsêmani, enquanto estava em intenso desassossego, orou ao Pai. Falou do que sentia e se entregou à vontade de Deus.

Está na hora de rasgarmos o coração e assumirmos para Deus o que nos dá medo. É a dúvida se teremos emprego ano que vem? Se iremos conseguir viajar, se o nosso ministério vai dar certo, se nosso parente, que está doente, vai morrer?

Em um tempo em que a teologia da prosperidade já criou muitos adeptos no Brasil, e que no seu cenário só cabem homens e mulheres de Deus bem-sucedidos e até invencíveis, já está mais que na hora de tirarmos nossas capas de super-heróis e mostrar as nossas fraquezas. “No dia que eu temer hei de confiar em ti.” (Salmos 56:3)