Panem era uma nação que sobrevivia em extrema pobreza, sem liberdades civis e qualquer esperança, enquanto cidadãos ricos ostentavam bens na capital e seus governantes eram autoritários que se colocavam como ídolos, na repetida mentira de protetores da pátria. Características clássicas de uma distopia, lembra a Oceânia de George Orwell, mas parte da realidade do mundo de hoje (por mais incrível que pareça) ainda mantém tais semelhanças.

    Dividida em 12 distritos, depois da rebelião de parte da população de Panem contra o governo, as autoridades criaram os “Jogos da fome”, um sádico reality show onde vinte e quatro jovens (dois por distrito) lutam pela própria sobrevivência, mas só um sai vivo. A população carregava o pesado fardo da negligência e do medo por seus governantes assim como Israel sob o domínio da Babilônia.

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    Os Assírios eram conhecidos por sua organização militar e pela crueldade contra os inimigos, mas na época do profeta Habacuque, em 612 antes de Cristo, os Babilônios foram ainda mais implacáveis e os derrotaram.

     O livro do profeta só tem 3 capítulos, mas ao contrário da imensidão dos salmos com seus vários relatos de silêncio divino, Deus mantém um diálogo frequente com Habacuque. Não estava indiferente ao sofrimento do seu povo e nem a maldade dos seus opressores. Ia fazer algo, no seu tempo, do seu jeito.

    Em Jogos Vorazes (2012), todos os “tributos”, jovens dos distritos que sabem que participarão de um jogo onde somente um sobreviverá, ao chegarem à capital, são transformados em celebridades pelos meios de comunicação. Enquanto Peeta Mellark (Josh Hutcherson), representante do distrito 12 junto com Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) começa a ficar deslumbrado pela crueldade disfarçada de espetáculo, Katniss fica horrorizada com o que estão vivendo.

    O profeta Habacuque estava completamente lúcido sobre o contexto do seu povo e se angustiava pela perversidade dos seus dominantes, que também ridicularizaram os que oprimiam. “Pois os babilônios pegam outros povos como os pescadores pegam peixes. Com os seus anzóis e redes pegam os povos e os arrastam para a terra. Aí se alegram e ficar contentes.” (Habacuque 1:15)

    Quando o presidente Snow (Donald Sutherland) reconhece que a honestidade de Katniss lhe tornou popular e trouxe esperança à população dos distritos, imediatamente planeja freá-la. De fato, a esperança pode nos tornar capazes de suportar o medo.

    Em Habacuque, Deus é quem dá a esperança quando diz ao profeta que no tempo certo, os babilônios serão castigados. O livro não termina com a libertação dos Israelitas, mas com a promessa do Senhor da resolução futura. É interessante Deus permitir o registro do relato indignado e angustiado do profeta, mas deixar tudo em aberto. No fim das contas, se trata de sempre confiar no caráter de Deus e na iminência de um futuro sombrio agarra-se à esperança que ele nos dá.