De forma bem simples, podemos entender que a cultura é um conjunto de costumes, hábitos e valores conservados por um determinado grupo ou povo e transferidos de geração em geração. São coisas boas e ruins que caracterizam, concedem uma identidade. Os estereótipos também compõem uma cultura.
Ângela, da série The Office, é o clássico estereótipo do crente na ficção, a começar pelas roupas. Extremamente rígida, preconceituosa, intolerante, os cristãos que ela representa costumam demonizar a cultura e criam estratégias para se isolar dela.
Do outro lado da moeda, ou no outro extremo, temos os cristãos que abraçam a cultura sem examiná-la. É confortável porque traz a sensação de aceitação e praticamente zera o risco do cancelamento. Mas, quão perigoso é em engolir todos os costumes da época? E quão nocivo será permanecer na própria bolha e não ser luz para o mundo?
Você já ouviu falar de Dualismo ou Dualismo Grego? Platão, grande representante desses valores que muito influenciam, até hoje, o ocidente, entendia que a matéria era algo ruim, pecaminoso. A famosa divisão entre sagrado e profano. O que fazemos na igreja é sagrado, mas ir ao cinema ou jogar futebol é profano, por exemplo.
No entanto, isso se choca com a realidade do Deus que se fez carne, assumiu um corpo humano e habitou entre nós (João 1:14) e ainda com a ordenança do comer, beber ou fazer qualquer outra coisa para a glória de Deus (1 Coríntios 10: 31). Se Cristo é o nosso senhor e salvador, então vivemos integralmente para Ele.
Apesar da clareza do versículo de 1 Coríntios, o debate é antigo e complexo. Entre as diferentes visões sobre o assunto, uma delas muito encontra fundamento na bíblia, segundo vários teóricos da cosmovisão cristã: a de que devemos redimir, salvar, ou resgatar a cultura para Cristo.
Quando o pecado entrou no mundo, contaminou tudo, mas Deus não deixou de dotar os homens de criatividade e habilidades e nem de ser soberano e a continuar interferindo na história da humanidade
Sim, alguns hábitos que cultivamos em comunidade refletem a inteligência desse Deus que tudo criou, como compor uma letra linda e perpetuar determinada música, por exemplo. Só que entre as muitas práticas que formam a cultura de um povo, há também rebeldia contra o criador.
Em seu artigo “O Cristão e a cultura”, do pastor e teólogo Franklin Ferrreira, ele nos lembra que em Apocalipse, além da redenção de quem somos, se fala também sobre o resgate da cultura. O pecado não fará mais parte dela.
A ideia central desta corrente de pensamento é de que nós, cristãos, devemos submeter inclusive a cultura ao senhorio de Cristo. Que busquemos nele sabedoria para saber como e quando intervir ou como nos relacionar com o nosso contexto cultural.