A ficção não costuma retratar traumas e doenças mentais de forma descontraída. “O lado bom da vida” (2012) faz isso muito bem, e na maior parte do tempo, no ritmo inquieto dos seus protagonistas, Patrick (Bradley Cooper) e Tiffany (Jennifer Lawrence).
Numa mistura de tragédias, com um toque de comédia e até ingenuidade, ambos entendem que têm outra coisa comum além da carga pesada de erros, feridas e seus problemas mentais: precisam arranjar uma estratégia para retornar a vida mais normal que podem ter.
Patrick sofre muito com as oscilações de humor da bipolaridade, e, pensando na narrativa bíblica, ainda que o salmista Davi não sofresse da mesma doença, escreveu ao longo da vida sobre seus mais variados sentimentos.
Da profunda melancolia do salmo 13 “Ó SENHOR Deus, até quando esquecerás de mim? Será para sempre?” ao “Ó SENHOR, Deus, tu foste bom para mim e me protegeste como uma fortaleza nas montanhas”, do salmo 30:7. Variações, na verdade, bem comum ao espírito humano.
Patrick cometeu um crime. Espancou o amante da esposa, acabou internado em um hospital psiquiátrico e recebeu a ordem de restrição de manter-se longe dela. Ao ser reintegrado na vida comum, foi para a casa dos pais, um ambiente que na verdade nada tinha de normal.
Entre o pai perturbadoramente supersticioso e o irmão egoísta que sempre aparecia por lá, o protagonista vai piorando suas crises, enquanto a mãe, a muito custo, tentava acalmar os ânimos de todos. No entanto, Patrick precisava de uma estratégia para provar que podia conviver bem em sociedade e retomar o casamento, que era o seu desejo inicial.
No primeiro capítulo do livro de Josué vemos Deus o encorajando através do famoso versículo, “Seja forte e muito corajoso” e, embora, sua história nada tenha a ver com a de Patrick, ambos precisavam provar que estavam aptos para um determinado fim.
Josué, como líder no lugar de Moisés, precisava conduzir os israelitas na travessia do rio Jordão. As ordens para que o povo armazenasse comida e lembrasse o mandato de Moisés foram as suas estratégias para aquele determinado fim. Em “O lado bom da vida”, Patrick precisou controlar a raiva, aprender a ter disciplina, a ceder e negociar a fim de provar que estava pronto.
Às vezes nosso presente chega a ser desolador e estamos lidando com pessoas que não acreditam em nós. É ingênua a ideia de que um pensamento positivo por si só seja capaz de resolver os problemas. No entanto temos um Deus que nos diz, contra todas a desesperança em nosso caminho, que atravessando todas as dificuldades, “somos mais que vencedores” por causa dele (Romanos 8:37).
Até podemos nos permitir o choro ou qualquer outra manifestação de vulnerabilidade, mas, se estamos em Cristo, precisamos de uma estratégia para lidar com nossos dilemas. Talvez seja pedir que amigos nos ajudem em oração, ou distribuir em nossa gaveta versículos que nos lembrem a fidelidade de Deus.
Sempre que nos sentirmos desanimados ouvir aquela música que encoraja na fé. Seja qual for, comecemos melhorando nossas disciplinas espirituais diárias, com um tempo a sós com Deus para leitura de bíblia e meditação nela. Sem dúvida, alguma estratégia surgirá a partir daí.