Se você gosta de cinema provavelmente conhece a estética de Tim Burton. Uma atmosfera sombria e lúdica, de um jeitinho que é só dele. Mas dessa vez já contou com uma história de clima parecido. Ransom Riggs, autor do livro que inspirou o filme, entregou uma narrativa repleta de fantasia peculiar.

    O protagonista, Jacob, é um adolescente que se sente deslocado. Até então, nada novo. Mas a sensação de não se encaixar neste mundo tem uma explicação sobrenatural: assim como seu avô, com quem desenvolveu uma ótima relação ao longo da vida, Jacob também foi uma criança peculiar, que no universo de Riggs quer dizer ter características especiais e/ou poderes, como ser invisível e ter um enxame de abelhas (isso mesmo…) dentro de si.

    O que separa Jacob da sua verdadeira realidade é uma fenda no tempo. Esta frase resume bem o ponto chave desta reflexão, aquilo que muitos de nós sabemos. Como cristãos, somos peregrinos e, portanto, não nos encaixamos perfeitamente aqui.

       Pode ser libertador para quem sempre se sentiu deslocado em determinado lugar saber que isso acontece por não pertencer àquele ambiente. Como Cristãos precisamos conviver bem com todas as pessoas, até porque a comunhão com o próximo é um reflexo do nosso relacionamento com Deus, mas o sentimento de inadequação nos acompanha. Em algum momento, uma conversa, um grupo de pessoas, uma situação, vai trazer à tona a nossa diferença.

    Quando Abe, o avô de Jake, estava à beira da morte, lhe deu a missão de ir até a ilha no País de Gales e o instruiu sobre o que fazer lá. Jacob percebeu que todas as histórias fantásticas contadas pelo avô eram mesmo verdade e ali começa a sua jornada não somente para comprovar os relatos de Abe, mas para o próprio protagonista, este adolescente deslocado, se encontrar.

    A segunda parte de 1 Pedro 2 nos relembra como deve ser a conduta do cristão. Certamente aquela igreja já tinha ouvido falar do Evangelho, mas foi necessário revisitar as raízes., afinal, quando tudo a nossa volta parece natural, é hora de questionarmos onde estamos firmados. Fugindo ao extremo de se fechar em uma bolha e só conviver com quem tem os mesmos princípios, também devemos ter cuidado com nossa capacidade de adaptação.

    Conhecer o lar da Srta. Peregrine foi sentir que finalmente havia chegado ao lugar ao qual pertencia. Às vezes é necessário voltarmos as nossas origens para lembrarmos quem somos, qual é a nossa verdadeira casa e tarefa que ainda temos neste mundo. Para Jake era uma Ilha Galesa na fenda do tempo de 1943. Para nós é o céu.