Clive Staples Lewis (1898-1963) popularmente conhecido como C.S.Lewis, lutou por seu país na Primeira Guerra mundial. Ao voltar, com apenas 23 anos, Lewis era um jovem ateu, sobrevivente da guerra onde viu um grande amigo morrer e que agora precisava se readaptar a vida social.  

    Após sua conversão, em um romance pouco provável e digno de livros e filmes, o autor se casou com a também escritora Joy Davidman. O matrimônio, no entanto, foi curto, não por falta de amor ou qualquer outro motivo. Joy morreu poucos anos depois.  A vida de um dos intelectuais mais brilhantes do século XX, é tão intensa quanto suas obras: grandes descobertas, surpresas, maravilhas, perdas… e a esperança de que a vida não acaba aqui. 

    No volume único das Crônicas, O Leão, a feiticeira e Guarda-roupa é, na verdade, o segundo livro, e, apesar de não explicar a origem de Nárnia, nos traz, entre outras grandes lições, a expectativa de um futuro maravilhoso apesar das dores do nosso contexto.

 

    Durante a 2º Guerra Mundial, os irmãos ingleses Pedro, Edmund, Susana e Lucia Pevensie são enviados para a propriedade rural do enigmático professor Kirke, ao que parece, para protegê-los do que estava acontecendo. A mansão, apesar da beleza, não era exatamente o local mais desejado por crianças e adolescentes, já que a governanta tratava de deixá-lo completamente silencioso. Mas, numa quebra de regras, os irmãos decidem brincar de esconde-esconde.  

    Quando Lúcia descobriu e entrou no guarda-roupa (e que criatividade o colocar como portal!) da casa do professor, ela só queria se esconder. E é lá o acesso a um mundo tão surreal que surpreendeu até uma criança. Lúcia tenta convencer os irmãos, que até checam, mas não encontram uma abertura no móvel, e em outro momento Edmund conhece Nárnia junto com a irmã, mas a desmente na frente dos outros ao voltarem. Depois que finalmente todos chegam a Nárnia e entendem o propósito de suas idas, uma jornada de conversão e amadurecimento começa.

    Quando os irmãos regressam para a propriedade rural do professor Kirke, depois de tudo o que vivenciaram em Nárnia por anos, percebem que o tempo aqui é diferente, pois só estavam sumidos há algumas horas. A experiência os muda para sempre e agora mais do que nunca passam a acreditar que de fato, em breve (provavelmente não no chronos*), estariam em casa.

 *Vem da mitologia grega. Tempo medido pelo relógio, pelo calendário

    A ciência tenta prolongar ao máximo a expectativa da vida humana e a nossa cultura a celebra como se jamais fosse acabar, mas os momentos tensos podem nos levar a pensar sobre a eternidade. É compreensível o desconforto ao conversar sobre a morte, mas para os que estão em Cristo tal assunto deveria ser encarado com mais tranquilidade.

    Nárnia é uma alegoria sensível e linda do céu que aguarda os filhos de Deus. É o que fez os irmãos Pevensie, até Edmund, com seu egoísmo e covardia, repensarem sua existência neste mundo em que vivemos. Diante do que tinham experimentado, as dores da volta para Inglaterra em plena 2º guerra mundial parecia uma “pequena e passageira aflição” (2 Cor 4:17).

    Apesar de não estarmos em guerra, atravessamos uma pandemia que se estende e mesmo quando parece um vislumbre do fim, não cessa. Até lá suportamos a Feiticeira branca, sua horda de monstros e nossa própria natureza caída que em alguns momentos ainda insiste em se revoltar contra o nosso Criador. Que Seu Filho nos guie até o Lar.